Nos últimos anos, o minoxidil oral virou queridinho de quem sofre com queda de cabelo. Muita gente toma por conta própria, como se fosse uma simples “vitamina capilar”. Mas o que poucos sabem é que esse medicamento, originalmente criado para tratar pressão alta grave, pode trazer riscos importantes para o coração, inclusive em doses baixas.
Neste post, vamos explicar de forma simples o que a ciência diz sobre isso e por que o uso sem acompanhamento médico pode ser perigoso, especialmente entre os mais jovens.
O que é o Minoxidil oral?
O minoxidil foi desenvolvido nos anos 70 como um potente vasodilatador, usado para tratar hipertensão arterial grave. Durante os testes, os cientistas notaram que os pacientes tinham um efeito colateral curioso: crescimento de cabelo.
Foi assim que o minoxidil ganhou uma nova função. A versão tópica (em loção) passou a ser usada para tratar calvície e afinamento capilar. Até aí, tudo certo. O problema começou quando a versão oral (em comprimido) começou a ser usada para fins estéticos, muitas vezes sem acompanhamento médico.
Efeitos no coração: o que a ciência descobriu?
Embora o minoxidil tópico seja considerado seguro, a versão oral age no corpo inteiro, inclusive no sistema cardiovascular. E aí surgem os alertas:
Um estudo publicado no Journal of Cosmetic Dermatology (2024) analisou 18 anos de dados da FDA (agência reguladora dos EUA) e encontrou casos de complicações cardíacas graves relacionados ao uso oral, como:
Derrame pericárdico (acúmulo de líquido ao redor do coração)
Taquicardia (batimento acelerado)
Inchaços (retenção de líquidos)
Queda de pressão arterial
Um caso clínico descrito em 2022 relatou que uma paciente jovem e saudável desenvolveu um derrame pericárdico grave usando apenas 0,25 mg por dia — uma dose considerada baixa.
Além disso, o estudo reforça que não existe dose comprovadamente segura e que os efeitos colaterais muitas vezes só melhoram após a suspensão do medicamento.
E os jovens? Existe uma relação com infartos?
É fato que os infartos em jovens adultos estão aumentando no Brasil. Segundo dados recentes do Ministério da Saúde, houve crescimento de casos em pessoas entre 20 e 40 anos.
Ainda não existe comprovação científica direta de que o minoxidil seja o responsável por esse aumento. Mas também é verdade que:
- Muitos jovens estão usando o remédio por conta própria, sem exames ou prescrição;
- O minoxidil afeta o sistema cardiovascular e pode piorar quadros não diagnosticados;
- Não existe um protocolo claro para reverter efeitos colaterais graves rapidamente.
Ou seja, mesmo que o minoxidil não seja o “vilão” principal, ele pode ser um agravante em uma população que já está exposta a outros fatores de risco, como estresse, sedentarismo e má alimentação.
A ilusão da “vitamina capilar”
Muitas pessoas compram minoxidil oral pela internet ou em farmácias de manipulação, como se fosse um suplemento qualquer. E esse é o maior risco. Diferente de uma vitamina, o minoxidil é um medicamento potente, que altera o funcionamento do coração e da circulação.
Ele não foi aprovado por agências como a Anvisa, FDA (EUA) ou EMA (Europa) para fins capilares na forma oral. Mesmo assim, segue sendo prescrito e vendido, muitas vezes sem qualquer orientação.
O que você precisa saber antes de usar:
Nunca tome minoxidil oral por conta própria. Sempre busque orientação médica.
Se já estiver usando, fique atento a sintomas como palpitações, inchaços, falta de ar ou dor no peito.
Exames cardíacos podem ser importantes, especialmente se houver histórico de pressão alta, arritmias ou problemas familiares.
A versão tópica (em loção ou espuma) continua sendo a mais segura e indicada para a maioria dos casos de queda de cabelo.
Conclusão
Minoxidil oral pode ser eficaz contra a calvície, mas não é inofensivo. É um remédio com ação sistêmica, que exige responsabilidade no uso. Com o crescimento de casos de doenças cardíacas em jovens, vale a pena repensar o uso indiscriminado de substâncias que afetam diretamente o coração.
Não caia na armadilha do “é só pro cabelo”. Cuide do seu corpo como um todo. E lembre-se: saúde não se compra em cápsulas mágicas.